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Fonte: DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR
O grande aumento da procura por sushi e, consequentemente, do número de restaurantes que servem o prato no Recife deve ser visto como um alerta em termos de segurança alimentar. Os primeiros resultados de uma pesquisa da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) revelam que cerca de 30% dos restaurantes que comercializam o alimento na capital oferecem risco de contaminação do produto por bactérias que causam infecções no sistema digestivo e que, em alguns casos, podem levar a morte.
O mais preocupante é que os micro-organismos foram detectados no arroz e no peixe, um indicativo de que o problema pode ser relacionado à falta de higiene. O levantamento foi feito a partir de amostras de sushi de salmão colhidas em 11 estabelecimentos dos bairros do Espinheiro, dos Aflitos, do Derby, de Casa Forte e de Boa Viagem. De acordo com a microbiologista Neide Shinohara, em um terço dos casos foram verificadas as bactérias Escherichia coli e Staphylococcus aureus. “A primeira é encontrada no intestino de animais de sangue quente, ou seja, é contaminação na água usada, no peixe ou na manipulação teve origem fecal. A segunda é facilmente encontrada na pele, unhas e cabelo”, alerta.
A pesquisadora afirma ainda que as chances de o sushi concentrar micro-organismos são altas, pela grande concentração de nutrientes, especialmente considerando que os peixes usados podem viver em águas contaminadas. “No entanto, o que provavelmente aconteceu foi contaminação na hora de eviscerar o peixe ou manipular o sushi durante o preparo em um ambiente que nem sempre passa por uma higienização adequada”, afirma.
Risco - Segundo o infectologista Vicente Vaz, este problema deve ser levado a sério, ainda que o tratamento seja relativamente simples. “Há um risco mais delicado quando os pacientes são pessoas com imunidade mais frágil, como crianças, idosos, pessoas que passaram por transplantes ou quimioterapia, além de portadores do HIV”.
A bactéria salmonella não foi detectada nos testes realizados em laboratório, mas já fez vítimas entre consumidores de sushi no Grande Recife. A universitária Bruna Lira, 21 anos, adoeceu após ingerir um combinado de salmão há três semanas. “No dia seguinte comecei a passar muito mal. Tive princípios de desmaios e acabei no hospital depois de vomitar muito. Foi infecção intestinal por salmonella. Voltei ao restaurante e alegaram problemas de refrigeração”, lembra.
De acordo com a diretora de Vigilância à Saúde do Recife, uma vistoria é realizada duas vezes por mês nos estabelecimentos da região. “Controlamos a questão desde que houve uma série de hospitalizações por intoxicação alimentar relacionada a restaurantes orientais em 2008. Mas é uma fiscalização comum a todos os estabelecimentos. Ainda não temos uma ação específica”, diz.
Consumidor pode denunciar caso seja prejudicado por comida contaminada
Caso seja prejudicado após ingerir comida contaminada, o consumidor deve procurar seus direitos. Segundo o delegado Roberto Wanderley, se for comprovado que uma doença foi causada por um alimento em más condições, é necessário fazer uma representação contra o responsável pelo estabelecimento, que pode ser indiciado por crime de venda de material impróprio para consumo, cuja pena varia de multa a cinco anos de reclusão. “Aconselha-se a reunir testemunhas e, se possível, coletar o material para perícias”, ensina.
O grande problema continua sendo a cultura de consumo, que, no Recife, não tem a higiene como principal critério, como mostra uma pesquisa do Departamento de Engenharia de Produção da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). “Limpeza e higiene aparecem como segundo elemento mais relevante, acima do ‘atendimento’”, explica o professor Luciano Nadler Lins. O primeiro lugar? Sabor e variedade.
Há que ter muito cuidado com os restaurantes de sushi porque se o peixe não é de boa qualidade e não está bem feito, um se pode intoxicar.
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