Comer muito, rápido e perder o controle da hora de parar são sinais de que alguma coisa pode estar errada |
Transtorno de Compulsão Alimentar Periódica (TCAP), Comer Compulsivo ou simplesmente Compulsão Alimentar acontece quando uma grande quantidade de alimentos é ingerida de forma rápida e descontrolada. Esse comportamento se manifesta em forma de “ataques de alimentação” que duram de 20 a 40 minutos e, nesse curto período de tempo, o chamado comedor compulsivo pode chegar a consumir entre 2.500 e 10.000 calorias.
É fato que a maioria das pessoas tem o hábito de descontar na comida algumas frustrações, ou até mesmo exagerar a dose num rodízio de carnes, por exemplo. Entretanto, não caracteriza o comer compulsivo se, naquele determinado dia, a pessoa estava com vontade de comer mais do que podia, mas sentiu prazer durante a refeição e estava plenamente consciente de que exagerava na quantidade. A compulsão alimentar ocorre justamente quando há a perda de controle nessas situações.
Segundo o Dr. Marco de Tommaso, psicoterapeuta membro da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO), o termo “compulsão” refere-se ao fato de a ingestão se dar contra a vontade da pessoa. “Quem é compulsivo come uma grande quantidade de comida sem ao menos estar com fome; habitualmente às escondidas por vergonha, com a sensação de falta de controle sobre o que e o quanto come, e acompanhado de culpa, arrependimento e sensação de baixa autoestima”, comenta.
Ainda segundo Tommaso, mesmo que não tenha exagerado na alimentação, o comedor compulsivo aciona o gatilho de outros episódios igualmente compulsivos. “É uma pessoa extremista (impulsiva) e apresenta personalidade de ‘tudo ou nada’, ou seja, se a pessoa está fazendo uma dieta e come um único brigadeiro, já sente que perdeu o controle e começa a devorar tudo o que vê pela frente. Algumas pessoas chegam a dizer que não conseguem parar de comer e por isso repetem a mesma porção do mesmo alimento ou de outros, várias e várias vezes”, complementa.
As causas deste transtorno são desconhecidas, mas, segundo Mônica Cabral, endocrinologista membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), mais da metade das pessoas que o apresentam, possuem histórico de ansiedade e de de-pressão. “São pessoas que relatam tristeza, raiva, sentimentos negativos em geral, assim como remorso e solidão”, aponta. Além disso, existem aquelas que iniciam dietas muito severas e outros métodos de emagrecimento, como ingestão de shakes e fórmulas prontas, mas param no meio do caminho e, novamente, perdem o controle do que estão fazendo.
Apesar dos exageros e da obsessão pela comida, nem todos os comedores compulsivos são obesos. No entanto, a obesidade mórbida é a consequência deste comportamento, em médio e longo prazos. A ingestão descontrolada de alimentos compromete, também, o metabolismo, favorece o acúmulo de gordura e ainda pode provocar problemas no estômago.
Mude os Hábitos
Por não ter causas definidas, é difícil prevenir a compulsão alimentar. Mas, o ideal é que se busque ajuda o quanto antes. Assim, maiores são as chances de cura. O tratamento é interdisciplinar, ou seja, feito por diversos especialistas de uma única vez. Inicialmente, o psiquiatra faz o diagnóstico. Depois, é a vez do psicólogo, do endocrinologista e do nutricionista entrarem em ação, para reestruturarem os hábitos alimentares da pessoa.
Como complemento, o Dr. Marco de Tommaso recomenda a prática de atividade física, pois isso ajuda a relaxar e a controlar o peso, evitando assim doenças decorrentes da obesidade, como diabetes, hipertensão e problemas cardiovasculares.
“Faça atividade física. O melhor exercício físico é aquele que, mesmo cansada hoje, você tem vontade de fazer amanhã. Lembre-se que a endorfina, a substância produzida pelo nosso cérebro, que é responsável pelo bem-estar, é uma ‘droga do bem’ e só acontece quando você se exercita. Portanto, encontre a atividade física que lhe dê mais prazer e não perca tempo: mexa-se, pois uma vida mais saudável virá como consequência”, aconselha.
Fonte: Revista Curves nº 6.
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